quinta-feira, 12 de outubro de 2023

Os Filhos de Sem, ou uma questão de semântica

Genesis 1022 The sons of Shem: Elam, and Asshur, and Arpachshad, and Lud, and Aram.


Who are the descendants of Shem today?
Shem's descendants: Genesis chapter 10 verses 21–30 gives one list of descendants of Shem. In chapter 11 verses 10–26 a second list of descendants of Shem names Abraham and thus the Arabs and Israelites.




O termo anti-semitismo, literalmente, significa "contrário a Sem e à sua descendência ".

Os filhos de Abraão são filhos (descendentes) de Sem. Os Semitas. Árabes e Israelitas. Mas os Israelitas originais, entendidos como os hebreus, as 12 tribos que se estabeleceram em Canaã após 40 anos de travessia no deserto, emancipados e foragidos do Egipto faraónico, conquistas e chacinas várias referidas na Bíblia (cananeus, Nephilim), conquistados depois pela Babilónia (destruição do 1.º templo), que os "expatriou" novamente em escravidão, libertada e repatriada sob domínio Persa, e depois novamente aculturada e ocupada por gregos e por romanos, até à pulverização e diáspora (destruição do 2.º templo) não são os Israelitas modernos, planeadores e executores do estabelecimento do Estado de Israel em 1948 firmado com a vitória militar de 1967 (guerra dos 6 dias): Askenazes (Ashkenazis), Sefarditas (Sefardis) ou mesmo os Judeus Etíopes (ver o ramo de Menelik I, filho de Salomão e da Rainha de Sabá - Kebra Nagast, o livro sagrado dos cristãos etíopes), que são até discriminados pelos dominantes Askenazes no moderno e actual Estado de Israel (a cor da pele e a cultura são um pretexto), curiosamente os que menos ligação hereditária (quer genética quer cultural) têm com os Semitas originais, ao contrário dos Sefarditas (que fizeram a diáspora pelo norte de África até à Península Ibérica e Europa - expulsos e perseguidos mais tarde pelos Reis Católicos de Castela e Aragão e D. Manuel de Portugal, etc) e Etíopes - mais próximos que estes serão as minorias que permaneceram ou se fixaram nas proximidades (Médio Oriente, Anatólia, etc); os Askenazes são provenientes das regiões da Eurásia central, agrupados posteriormente na antiga Khazaria, nos tempos primórdios com pouca ou nenhuma genética Semita ou cultura/religião judaica, e depois se disseminaram pela Europa de Leste e central (mais tarde pela Europa Ocidental e as Américas, tal como os sefarditas em menor número, perseguidos e exterminados no Velho Mundo), numa diáspora com origem na dissolução do Império Khazar, que adoptou a religião judaica por opção, entre a pressão do império Bizantino - cristão e o Império Persa-Sassânida sob expansão do Islão, mantendo a sua identidade própria.

Estas árvores genealógicas bíblicas (ou registadas na Bíblia) são o que são e valem o que valem, porém o termo Semita designa precisamente "aquele que é ou procede de Sem". E culturalmente tem o valor de indicar determinados povos originários daquela linhagem ou zona geográfica, naquele determinado período ou era, e que são mais do que conhecidos (de lato modo, não há qualquer obscurantismo ou mistério em identificar e saber quem são os povos semitas, mesmo que a genealogia do termo possa ser  de um misticismo mais questionável, até porque poucos dados históricos existem da tradição bíblica mais antiga ou longínqua).

O que se vê mais neste momento nas redes sociais portuguesas e ocidentais são propagandistas e desinformadores a gritar pela matança indiscriminada de palestinos. O anti-semitismo "em estado puro", como diria um qualquer iluminado comentador de futebol ou geopolítica, um Luís Freitas Lobo, um Rui Santos, um Nuno Rogeiro ou Luís Ribeiro desta vida, sempre com a sua panóplia de adjectivos e categorias por encomenda, a visão desfocada e parcial - facciosa, para ludibriar pategos e fazer o servicinho aos fascizóides, enquanto mete no bolso centenas ou milhares de euros em cada aparição televisiva, creditada pelos mentores e patrocinadores da propaganda e desinformação metódica e ininterrupta, e lucrada da ignorância e estupidez propagada pela audiência.

Só que desta vez a expressão faria todo o sentido. Porque é a realidade. O anti-semitismo é o ódio ao semita, e o semita é, sem qualquer margem de dúvidas, etimologicamente, culturalmente, historicamente, o palestino, o "indígena", o "aborígene" (e atenção que há palestinos que não são muçulmanos, há judeus - o judaísmo não é um povo, uma etnia, é uma religião! Em que vários, muito ou pouco ortodoxos, até dizem opor-se à criação e existência do Estado actual de Israel! Por motivos religiosos alguns, por motivos seculares outros - e não deixam de ser judeus por isso.). O árabe! (literalmente) ao qual ululam como possessos, para que seja exterminado. Sim, isto é o anti-semitismo "em estado puro"! Como quando os babilónios de outrora ou os romanos apregoaram "morte aos israelitas/judeus" (da Judeia)! Anti-semitismo. Cujo significado foi "deturpado" e "apropriado" para que significasse apenas e só anti-judaismo (a propaganda para isso serve, deturpações linguísticas, culturais, antropológicas, mitológicas ou teológicas são a sua especialidade), mas que etimologicamente se refere aos semitas e não especificamente a judeus, ou islâmicos ou de qualquer outra religião particular.

Como os antepassados dos palestinos, que também eles foram aculturados e convertidos pelo Islão (a última das 3 grandes religiões do Livro, monoteístas), e depois pelos turcos e otomanos, etc, e mais tarde pelo colonialismo europeu, francês e inglês, culminando na ocupação colonial e formação do Estado israelita. Todos eles (e não só os antigos israelitas, ou mesmo os actuais, tão filhos de Sem como os árabes contemporâneos deles o eram) são da família que se liga ao ancestral Semita. Aliás, mais depressa os israelitas sionistas de hoje (que dominam as operações no Estado de Israel) se demarcam do seu Semitismo (descendência de Sem) que os árabes ou palestinos. Porque os israelitas de hoje que compõem a maioria do estado (profundo) de Israel têm pele branca, são de ascendência europeia, eslava, euroasiática, são askenazes. E esses não se revêem, em princípio, na descendência de Sem (cuja pele seria mais escura, de acordo com alguma tradição religiosa, à imagem do fenótipo predominante dos árabes e palestinos autóctones, com toda a sua diversidade e diferenças).

Para quem valoriza as raízes semânticas da língua (portuguesa), a etimologia, a semiótica, ela pode levar-vos até à origem dos significados, até à raíz das línguas indo-europeias (e por conseguinte, cultura), que incluem quase todas as línguas ocidentais e algumas línguas orientais, desde o ancestral sânscrito passando pelo grego e pelo latim (língua morta no Ocidente, tirando a Academia e a Liturgia, tal como o sânscrito no Oriente, sendo o "nosso" Ocidente tão moralista e proselitista) - para lá de toda a acção da propaganda. É por isso que a massacram tanto (a língua), enquanto enchem a cabeça dos tótós com falácias e propaganda, incessantemente, nos mass media e nas redes sociais, espalhando factóides e sensacionalismo, tentando que a ilusão se sobreponha à verdade histórica e cultural.

É a nova cultura de consumo rápido, para excitar os excitáveis e levá-los a dizer e fazer os disparates mais absurdos, como se nada fosse com eles (só enquanto entendem que têm muita assertividade, ou que estão na crista da onda da pateguice), sancionada por directores e editores, levada nas palminhas por apresentadores ou moderadores subjugados ou cúmplices da xenófoba doutrinação dogmática definida, sem questionamento ou contraditório, sem discussão profunda e livre, arvorados numa pseudo-intelectualidade intangível ou inalcançável, apenas para os predestinados doutorados fascizóides habituados a iludir pategos com repetitivas ladainhas e hiper-activa reactividade, tentativas de imposição de pensamento único formatado, à base de estados emocionais alterados induzidos por repetidos estímulos de propaganda, operações psicológicas e agitação de massas. Como se a verdade não estivesse ao alcance de todos os que a buscam com sinceridade e persistência, nas suas fontes intemporais. Que não serão apropriadas ou extintas por/para fascizóides.

Já se viu que apelar ou apoiar matanças indiscriminadas de pessoas semitas para alguns não é nenhum peso de consciência, sob a capa de heróis da moral e dos bons costumes. Só faltaria agora os fascizóides quererem eliminar da língua as suas raízes etimológicas semitas, ou seja hebraicas, aramaicas e árabes, muitos deles de bom grado apagariam todas as palavras de origem árabe (e/ou hebraica, dependendo do seu ódio de estimação étnico ou religioso) que pudessem do léxico do português, mesmo que isso resultasse no empobrecimento cultural substancial e etimológico da língua e no enriquecimento da ignorância e do obscurantismo. É a distopia em que querem viver... e ainda falam nos wokes, sendo eles os maiores comilões e regurgitadores de propaganda e desinformação, cada vez mais main stream.

Mas é da natureza dos fascizóides confundir, ocultar, manipular e mentir, dividir para reinar, portanto... quem não os conhecer que seja o patego útil.

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