Na passada (e mal-fadada) quinta-feira, desgraçada que começa a ser rotineira, na aguardada primeira ronda da Taça (e derradeira), foi um Novo Sporting sem raça (e Miguel Luís com a braçadeira) ao estádio do FC Alverca, e o que se amanhou não foi uma grande perca, se alguém pescou algo não foi Silas, o careca, aquilo foi sim uma enorme perda, faz 70 anos que não acontecia, eliminação perante equipa da 3.ª divisão com categoria, pode-se mesmo dizer que foi uma pescaria de merda, houve sim festa bravia na lezíria, e na sequência a partida de uma lenda, pessoa maior que a vida, na pintura senhor da tela, no relvado a Gazela de Benguela, Rui Jordão uma figura discreta e reconhecida.
Com uma entrada confiante digna de tomba-gigante, como fazem os touros ribatejanos a montante, perturbou e agitou a equipa visitante, a defesa nova nervosa e titubeante, ainda assim a que primeiro rematou à tangente, com Luiz Phellype a finalizar mal mas elegante, ou o remate cruzado ao lado de Borja distante, culminando na defesa em voo de Bravim a remate de Vietto.
Porém os esforços do Sporting ficaram sempre aquém, talvez por haver forças inimagináveis mais além, os deuses voltaram a demonstrar o seu desdém, e à primeira oportunidade fizeram do Leão refém, Apolinário o destinatário do seu bem, benesse que aproveitou, não só mas também.
Bravim defendeu o que foi preciso, nunca passando o perigo de aviso; Maximiano fez uma defesa de improviso, a um remate poderoso de bicicleta, num lance de bola parada made in Alverca, futebol espectáculo colectivo, valeram os reflexos do atleta e a bola lhe ter saído directa.
Silas, o profeta, que quer fazer homens dos putos reguilas e evita conversas da treta, passou a primeira parte constrangido, sentadinho e encolhido com ar tímido, talvez com pavor do próprio onze escolhido, lá se lembrou do Bruno, o convencido, e retirou Eduardo que andava perdido, deixando Doumbia, talvez esquecido, tudo isto ao intervalo, talvez estivesse ainda a (con)temporizá-lo.
Enquanto Bruno orelhudo aquecia, Vietto arrefecia e perdia a pontaria, rematando ao lado da baliza, o conjunto da casa continuava afoito, e não foi preciso esperar muito, nem 10 minutos e uma abébia permitiu-lhes um canto, mal aliviado pela defesa ao primeiro poste, e se não estava lá Renan para queimá-lo, estava Luan no centro da área a finalizá-lo - e a partir daí já foste.
O Bruno raçudo acertou na barra de livre directo, e Max evitou na resposta mais uma batata de bola parada lá dentro. Jesé pançudo jogou sem garra e não passou no crivo, entrando Acuña e Bolasie por Borja para a última meia-hora, no tudo por tudo. Mas mais uma vez, tal como na metade anterior, Bravim impediu o argentino de marcar, e ainda foi o Alverca o último a ameaçar, com Max a conseguir evitar o pior - se houvesse 3.º tempo, será que se ia ficar?
À saída, como se fosse uma cortesã convencida, veio o presidente de fugida só para não dizerem que andava desaparecida, e lá entrou na viatura depois de lhe despirem a gabardina, que a viagem para Lisboa era dura e comprida. Silas, impedido de ir às conferências e entrevistas oficiais, veio cá fora dar a cara aos canais, mas só por motivos excepcionais, ou se o Sporting ganhasse haveria ânsias tais?
Se o tempo não está para aventuras, perguntem então a Varandas que anda a brincar às estruturas - a quantas andas, quanto tempo ainda achas que duras? Envergonhados deixas-nos tu, que só nos brindas com lamúrias, enquanto nos privas com tais penúrias. Venha rápido o fim, a cessação das tuas incúrias. Queres ganhar mais pilim? Vai roubar para as Astúrias!
quinta-feira, 24 de outubro de 2019
Os dias do fim
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