Todas essas peças não se organizam sozinhas, são precisas cabeças que leiam nas entrelinhas, peritos em acordos com sub-texto em letras miudinhas, magos das quadrículas, das palavras e das alíneas, números de magia de deixar as artérias frias, círculos de silêncios de baixas temperaturas sanguíneas, juristas linguarudos que brincam às charadas e adivinhas, lêem na diagonal o que querem ver nas linhas, actores e dramaturgos de poses sérias e certinhas, sisudos ou acessíveis conforme a espuma dos dias, especialistas em perseguir alguém por menos do que fazem sem espinhas, maleáveis como ninguém mas com imagens públicas polidinhas, doutores de lei e estrategas que dominam as outras vidinhas.
Jogam em vários tabuleiros devagar ou rapidinhas, rapam para os cozinheiros lhes fazerem iguarias, são exímios tacheiros que cozem em banhos-maria(s), amassam como padeiros o pão para as freguesias, assam, fritam e trespassam na maior das calmarias, são os bispos sorrateiros das secretas homilias, fazem de agentes secretos ao serviço das rainhas, circulam com seus carros grandes por todas as pequenas vias, fazem torres de dinheiro maiores que as do Tio Patinhas, sobem a escada do sucesso que só pára nas luzinhas.
São os infalíveis Mestres do Xadrez, que interpretam a Lei e reescrevem a História à vontade do freguês.
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