"Queremos que o Sporting seja um grande Clube, tão grande como os maiores da Europa" José Alvalade, fundador do Sporting CP (10.10.1885 - 19.10.1918) |
Perante um "assassinato", sem precedentes, de uma figura publica em Portugal, parece ser cada vez mais difícil de entender como é que, perante a iminência de se atingir o objectivo único, (o derrube de BdC) quase ninguém se atreve a discutir o que poderá/ deverá acontecer a seguir.
No momento actual, o imbróglio jurídico é de tal forma complexo, que se torna impossível saber quem está certo ou errado. Entretanto, "a maquina em movimento" e os media já perceberam qual o ponto fraco que pode virar (quase) todos contra Bruno: se o Gelson Martins ou o Bruno Fernandes rescindirem, o caldo entorna. Entre alguns dos jogadores mais valiosos do plantel e o presidente, os orquestradores do golpe de estado já perceberam que a multidão escolhe os jogadores, sacrificando tudo para que os ídolos façam o favor de ficar no clube. Se for um Petrovic desta vida, um ser humano secundário, poucos ligam importância.
Por este e por outros factores, podemos estar na iminência de ver o actual presidente ser corrido do Sporting. A pergunta que se impõe deveria ser óbvia: e depois? O curioso é que parece ser um assunto a evitar. Ou porque se pensa demasiado no imediato (sem medir consequências) ou porque se tem uma visão demasiado ingénua da situação corrente e se imaginam cenários pouco realistas.
Partindo do principio em que se excluem visões demasiado optimistas ou catastróficas, julgo que é tempo de se discutir o que pode acontecer se este elenco directivo cair e quais as consequências imediatas de tal desenrolar dos eventos. Tendo em conta os principais rostos que se movem nos bastidores, promovendo o saneamento de Bruno de Carvalho, julgo não ser despropositado sugerir uma serie de cenários futuros. Eis alguns que, certamente, não estarão longe da realidade:
- A COMISSÃO DE GESTÃO:
- A maquina em movimento "anti-BdC" tem como cenário preferencial uma comissão de gestão, com elementos "nomeados" por Marta Soares. Essa comissão de gestão estaria no poder até ao próximo mês de Março 2019, justificando o seu mandato com a necessidade de estabilizar o clube, devolver a credibilidade à instituição, evitar cenários catastróficos e permitir a manutenção do actual plantel e, se possível, treinador.
- A comissão de gestão facilmente justificaria uma má época de futebol, com a crise épica da responsabilidade do anterior presidente, trazendo, entretanto, um ou outro reforço de renome, para extasiar as massas. Jogadores sonantes são o opio do povo. Entre outras medidas populistas, ficaria a promessa de se manter a aposta nas modalidades (por agora) e aconteceriam algumas transferências cirúrgicas, promovidas pela imprensa como grandes sucessos (tipo as transferências Euromendes do rival), escondendo-se valores de comissões e quanto dinheiro o clube realmente recebe.
- Por ultimo, as rescisões (reais e imaginadas) são substituídas por transferências mais ou menos maquilhadas, que serão vistas como um mal menor pela massa adepta. Alguns jogadores fazem promessas de amor ao clube e juram que agora é que vão dar tudo pela camisola que sempre amaram. A multidão baba-se.
- Em Março de 2019, com um clube estável, na paz do Senhor e em que todos os fracassos são da responsabilidade do anterior presidente e todos os sucessos são mérito da Comissão de Gestão, as eleições são um passeio para os "comissionistas". A memoria curta dos adeptos e o trauma de futuras fases tumultuosas são factores decisivos no apoio prestado aos Salvadores do Sporting. Pelo meio, fica um processo qualquer que impede Bruno de Carvalho ou alguém a ele ligado de se candidatar ao que quer que seja.
- "ELIMINAR" BRUNO DE CARVALHO:
- A comissão de gestão , sendo um cenário ideal para os oposicionistas, pode enfrentar uma certa resistência por parte dos associados, principalmente se não for validada em Assembleia Geral. Por isso, um outro cenário começa a desenhar-se: eliminar qualquer possibilidade de Bruno de Carvalho poder concorrer a eleições num futuro próximo. A omissão da convocatória de uma Assembleia Geral para aprovação do orçamento (que não se realizando levaria à queda do CD e à impossibilidade do mesmo se recandidatar) foi uma tentativa amadora de atingir esse objectivo;
- A oposição conta com um aliado de peso: a comunicação social. Com uma torrente constante de informação, propaganda e contra-informação, assume-se que a direcção do Sporting vai cometer um ou mais erros que, em face da lei, impeçam qualquer tipo de recandidatura. Nesse caso, eleições podem acontecer a curto prazo, com a certeza de que os candidatos "certos" vão aparecer, para desempenharem um papel semelhante ao da comissão de gestão (sem o incomodo das eleições no próximo ano).
- Com umas eleições sem Bruno de Carvalho, será fácil à "maquina em movimento" de promover o candidato ideal. Qualquer oposição ao eleito terá o mesmo tratamento dado ao anterior presidente, com o Correio da Manha como ponta-de-lança da lavagem cerebral;
Poderia enumerar outras suposições sobre o que vai acontecer no "dia seguinte". Pode até acontecer uma combinação dos dois cenários anteriormente descritos ou podemos assistir ao surgimento de um desconhecido, tipo D. Sebastião, que vai aparecer como o grande apaziguador das almas e líder incontestado para o futuro. No entanto, este tópico é mais um de discussão do que de pura adivinhação.
O desafio é simples: sejam pró ou anti Bruno de Carvalho, partilhem as vossas opiniões sobre o que pensam que vai suceder no caso da direcção cair. Discutam-se cenários e possíveis consequências dos mesmos. Só assim, com uma discussão aberta e uma reflexão geral sobre os acontecimentos, poderemos tomar posições conscientes e responsáveis sobre o momento conturbado do Sporting Clube de Portugal. Temos de agir com racionalidade e saber distinguir a árvore da floresta.
Sem medos, sem complexos, sem utopias: se Bruno de Carvalho cai... o que acontece a seguir?